terça-feira, 13 de julho de 2021

...homem com dom de escrever poesias em cima de histórias tristes - e ele vai morrer contando suas dores!


E eu acordei de um sonho lindo,
me vi num pesadelo
onde nada fazia sentido
em cima de tudo que fazia sentido.
Aqui dentro e
lá fora.
Eu ouvi tiros.
Eu vi um lado batendo palmas para a mulher
que apanhou do marido
e eu vi o outro lado aplaudindo o caos.
Todo mundo buscando por paz,
todo mundo querendo o sossego,
todos eles pedindo amor.
Eu enxerguei eles xingando as putas.
Batendo nos bêbados.
Chutando os pretos.
Colhendo restos de pessoas que não tinham
mais nem os restos
e a vida da dessas, 
muitas dessas.
E todos continuam implorando por amor,
todos eles querem amar
odiando todo mundo que enxergam pela frente.
A humanidade é isso.
Ela foi feita para isso.
Para acreditar que ama todo mundo,
quando na verdade,
eles não amam nem a si mesmo.
E eu jurei que não iria mais escrever sobre amores.
Mas essa merda me entorpece.
E eu nem sei falar sobre amor,
nem quero falar sobre amor.
As pessoas todas estão se matando pela falta dele,
enquanto elas gritam em desespero, 
mas elas não sabem amar nem a si mesmas. 
É estranho.
Eu escrevo e escrevo e escrevo e
escrevo e
escrevo...

tsc tsc tsc tsc....

- Tu vai mesmo escrever sobre quem te cuspiu na cara, querido?
- Já escrevi sobre coisas piores, meu bem.
- Ela comeu teu coração e te cuspiu pelo cu e tu ainda se importa.
- Não, não me importo.
- Mas tu vai escrever sobre isso, querido.
- Não me importo.
- Você está bem, querido?
- Muito bem, meu bem.
- Estás pensativo demais hoje, não estou gostando muito.
- Não me importo de pensar muito, querida.
- Acredito que se eu disser que vou te comprar cervejas, tu vais dizer que não se importa também. Credo, meu bem.
- Não estou tão amargo assim.
- Querido, tu viu o que deu no noticiário. Aquele cara que bateu na...

tsc tsc tsc tsc...

Acho que eu não me importei.
Não com ela.
Não com o assunto.
Não com o todo.
Mas me desliguei de tudo.
Do todo.
E me entendi por um breve momento.
Chorei em silêncio.
Compreendi a poesia que estava passando por mim.
E ela me cuspiu pelo cu.
E ela mastigou tudo que eu ousei sentir de novo por alguém.
E eu não me importo.
São nesses momentos que saem minhas melhores poesias,
e eu sei que eu vou esquecer.
A gente sempre esquece.
A gente sempre teima.
A gente sempre padece.
E cai por terra.
E pede para os céus.
E ergue a cabeça.
Como se nunca mais quisesse amar de novo.
E a gente ouve todos os sussurros do mundo passando
pelos cantos dos nossos ouvidos.
E entende que a vida é uma completa combinação
de todas as coisas
pelas quais
a gente sempre fugiu.
E continua fugindo.
E é surreal o tanto de problema pífio que a gente carrega
em nossas costas.
Sendo que,
assim por dizer,
a vida é uma simples carroça antiga
e bem emoldurada que a gente
ajeita de forma bem simples
e prossegue com a nossa jornada. 

Caminho único.
Viajante de uma estrada só,
estrada que nos leva para um único caminho
a solidão.
E assim, é a vida,
por muitas vezes chata,
constantemente irritante,
por vezes desesperadora,
em vários momentos linda,
mas que aborrece
e a gente sempre procura meios
para nos tornarmos menos burros,
quando na verdade,
a sabedoria não é um determinado tempo de vida que 
tu viveu,
e sim,
o tempo de solidão que tu mesmo
se deixou dentro de você.
A tristeza é o que nos faz crescer.
Os desesperos.
A falta de esperança.
A raiva constante.
Aquela raiva que não passa.
E a falta de amor. Muito amor.
Em um mundo que se entrega tão pouco disso.
e eu me sinto incomodado todas as vezes que eu
preciso beber para esquecer
e tragar para matar algo em meu coração.
E quantas, e quantas, e quantas vezes
eu fiz algo dessa escolha para esquecer alguém.
Talvez,
esse seja um momento desses.
Mesmo que eu não queira esquecer,
queira apenas lembrar quando eu quiser,
para saber que
ali,
naquele momento,
naquele pequeno e breve momento
irritante e chato e lindo de 
minha vida,
eu aprendi algo,
desesperadoramente, 
triste e 
verdadeiro
que me fez crescer um pouco mais.
E um pouco mais.
E outra vez.
E outra vez mais.

tsc tsc tsc tsc tsc...

- ...o cara é um covarde, querido, não vale o pão que come.
- oh, tu e esses ditados - abri uma cerveja.
- Querido, precisava te perguntar uma coisa.
- Diga, meu bem.
- Onde é que está esse caralho de amor que você tanto procura em todas as suas cartas e livros e textos e afins?
- Não sei te responder, meu bem.
- Tu sabes que ele não existe, não é, meu bem.

...isso não existe.

- Quer um trago, querido?
- Acho que não estou muito bem, meu bem.
- Logo passa.
- Eu sei. 
- A gente sempre sabe.
- E continua mentindo que não sente nada.

...tsc tsc tsc tsc tsc.

segunda-feira, 5 de julho de 2021

querida, querida, eu serei chamado de gênio com esse poema!



eu vou tentar te trazer
para dentro desta carta
a partir daqui
de agora
e tente não se importar
tanto assim com pontos
e vírgulas
e todas essas frescuras.
Tudo isso não passa de um 
aperto
vazio no peito, amor.
a vida é feita de apertos
e vazios
e frustrações
e decepções
e momentos que a gente nunca entende
porque estamos passando por aquilo
E tudo se transforma em fases
com certeza,
eu odeio toda essa baboseira que falam por ai
Me desculpe
se essas baboseiras já te ajudaram em 
algum momento inoportuno
Eu te entendo, 
a vida da dessas
e está tudo bem.

Eu estou confuso demais para escrever demais
e pensar demais
e a preguiça dentro do meu peito está demais
e o amor que eu insisto em sentir
também está tudo por demais
e eu cansei de me sentir assim
tão...
tão vazio de mim
de ti
do mundo
e de todos
E eu cansei de me afastar de mim mesmo
para tentar chegar até você
de alguma forma,
quando a gente gosta de alguém
a gente fica burro
e também está tudo bem, meu bem
A gente não se importa
a gente não entende
a gente não se entende
e vira tudo uma bola de confusão
generalizada
inquieta
e chata
muito chata
extremamente chata
tal qual esta carta
Minhas palavras são chatas
e eu sei bem disso,
nunca me considerei um PUTA escritor 
como já me falaram 
BAITA BABOSEIRA!
Te escrevi estas palavras
até me sentir completamente bem
e leve,
depois de publica-las eu nem lembro de nada do que escrevi
e nem quero lembrar
e odeio quando me lembram 
porque eu sinto vontade de comer todas aquelas letras
e caga-las de novo
de alguma forma,
com tudo completamente diferente
e esquece-las, mais uma vez.
Até me lembrarem, novamente,
as coisas sem sentido que eu escrevi
naquele momento chato e monótono e entediante
da minha vida
Aqueles típicos momentos em que o coração grita
tanto, que eu preciso botar para fora de alguma coisa
antes que algo trágico aconteça
ou que eu, simplesmente, me entupa de todos os 
meus sentimentos
até vomita-los na cara do meu ego
E eu me sinto, insuportavelmente, infeliz quando 
alimento meu ego
meu ego amoroso é uma merda
ele nunca soube o que queria
e quando ele acha que quer
e entende de tudo aquilo
ele desmaia,
apaga,
se perde,
e acredita que está fazendo tudo sempre tão certo
quando na verdade,
ele vai acabar machucando alguém
ou sendo machucado
Nada muda o fato de que tudo
é apenas um ciclo
que a gente gostas de repetir
e enfiar as consequências em nossos próprios cus
como se nada tivesse acontecido.

Me sinto fraco
me sinto mal
me sinto enjoado
quero te falar todas as coisas que
eu sinto aqui dentro,
mas também quero te esquecer para sempre
me sinto dormente
me sinto entorpecido
palavra babaca
e eu odeio palavras babacas
me sinto um babaca
daqueles que não sabe escrever
que acha que uma dor de barriga 
ou a barriga formigando
são sentimentos de amor
quando na verdade,
ele apenas precisa colocar todas as coisas ruins dentro
de seu corpo
e tua mente
para fora, de algum jeito ou outro
E ele escreve, escreve, escreve
e rasga, amassa, e joga fora
e engole
e se sente mal
muito mal
e deliberadamente triste
e quer fugir
se perder
e nunca mais ser encontrado
Ele sente o estômago estremecido novamente
as mãos frias
o rosto triste como se a vida o desprezasse 
a fraqueza lhe bate a porta, mais uma vez
e eu já nem sei mais o que estou escrevendo

Acho que me perdi!

e tudo bem se perder.

Eu quero te enviar todas as minhas
melhores palavras
e perder o meu pavor por telefones
para te ligar
e te ouvir do outro lado da linha que
já está chegando em minha casa
eu quero te olhar nos olhos
e te pedir para entrar
e não ir embora jamais
porque estar longe de você é tudo pacato demais
e a vida segue chata
Eu gostaria de te oferecer o meu melhor
e te amar de um jeito que nunca
entreguei para outro alguém
e te ter o suficiente para não lembrar mais
de escrever
e fazer com que todas as coisas aqui dentro
batam de acordo com o que eu acredito
ser felicidade
E está tudo bem em sonhar e se sentir mal
e sentir um babaca
um trouxa
até mesmo um iludido
Está tudo bem em querer e não poder ter
ou não saber como ter
um brinde a quem quer e não pode ter,
um brinde a quem teve e não pode mais ter.
um brinde a quem se apaixona todos os dias
pela mesma pessoa
e ainda sim,
não pode ter
ou não sabe como faz para isso ser feito.
Está tudo bem em se sentir perdido
está tudo bem em escrever com lágrimas nos olhos
e beber o suficiente para esquecer teu nome,
mas o insuficiente para esquecer o teu sorriso.
E dormir sem sentir nada.
Esse é o sonho de todos bêbado
esse é o sonho de todo poeta
esse é o sonho de todos que amam
esse é o sonho de todos que querem
esse é o sonho dos loucos, das putas,
dos apaixonados, dos que não sabem o que querem da vida,
dos que sabem até demais
esse é o sonho de todos os deuses
o sonho de todo bem humorado
de todos os de fé e os que tem a fé menor do que o buraco de uma agulha

...dormir sem sentir nada.

Talvez, eu esteja querendo até demais
algo que nunca irei ter
ou poderei ter,
mas essa fase e esse vazio no peito
e esse aperto no estômago
são fases de uma vida 
em que, pelo menos, eu lembrarei que estava vivo
mesmo me sentindo tão mal.
Talvez, eu esteja amando
errado,
mas amando
e, talvez,
você não irá entender um caralho do que está escrito aqui
e, se entender,
não vai se importar
por mais que eu esteja te pedindo ajuda
tu não vais se importar
e está tudo bem a gente sempre se sentir assim,

só que, você percebeu que eu te trouxe para dentro desta carta
até agora?

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Entra pra ver, não escrevo mais romances e eu te passei o café!


O café vai esfriar, querida
entra pra tomar
acabei de passar
esta fresquinho
Entra pra ver,
meu bem
entra
eu quero te mostrar as mudanças que fiz
em casa
não se assuste
não se acanhe
estava tudo bagunçado na última vez
em que esteve aqui
se lembra?
Tudo bem também
se ainda estiver tudo bagunçado
ao teu gosto,
mas esse é meu jeitinho
de achar que as coisas
estão todas encaixadas em lugares
certo
dos quais eu sempre considerei errado
e,
apesar de querer
manter todas as coisas em ordem
eu não tenho muito controle sobre
as coisas
que os cosmos me entregam
Se é que existe essa besteira toda
tal qual esta carta
escrita,
novamente,
sem pontos e parágrafos e estrutura pra toda uma obra-prima,
isso é apenas para te mostrar
o quão erradas estão as coisas aqui dentro
de mim
e da casa.

Entra pra ver, meu bem
eu mudei aquele teu sofá preferido
daquele canto da casa
e mudei algumas certezas aqui dentro
também
Aquela flor que tu me deu
e pediu para eu regar
morreu há alguns dias
Mas tudo bem
eu consegui substituir ela
por outros amores
hoje em dia, isso é bem fácil
Meu analista disse que não tem problema
eu pensar coisas negativas sobre o mundo
só não posso deixar isso me controlar
Ah,
as bebidas continuam no mesmo lugar
as garrafas
e as cartas jogadas pelos cantos da casa
estão sempre lá
as bitucas dos meus tragos estão espalhados pelo ar
da pra sentir o cheiro
mas o aroma do teu perfume está sempre por aqui
então, 
fica uma mistura de solidão com a memória
agradável de um homem que sabia amar
sem saber
que ele sabia amar
e eu me sinto bem com esses perfumes.

Fica um pouco mais, meu bem
que tal mais um café para nós dois?
Posso te oferecer algo mais forte
mas todas as peças importantes para 
me manter fora dessa realidade
estão trancadas no porão
dos meus sentimentos
Desculpa, acho que não vai dar para fuçar lá agora
joguei muitas tranqueiras lá dentro
não quero que caiam por cima de mim
justo agora.
Mas vem aqui depressa
eu passei outro café
está quentinho
Quero, de alguma forma,
apenas aquecer teu coração
por mais amargo que o café seja
ah, pois bem
tem um pouco de canela naquela tua gaveta preferida
e tem açúcar em um pote qualquer por ai
Vamos nos afogar no amargor
de xícara em xícara
a gente se afoga
e joga o papo fora
Um papo qualquer
um sorriso qualquer
de pessoas que choram
que calam
que sofrem
que amam
que sangram
que pensam
que querem
e querem muito
essa tal felicidade que tanto falam
E não sai da mente esse nosso sorriso
entendeu, novamente
o mistério dos aromas?

Ah, meu bem, entra pra ver
isso daqui não é poesia
não é poema
não é o melhor texto do mundo
muito menos acredito que será sucesso
ou que estará, um dia, em algum livro
É apenas um desabafo pra deixar o teu coração quente
o meu se encontra apenas amargo como
este café que te passei
e tudo bem me sentir assim
Entra pra ver, querida
Deixa eu te ligar mais tarde para te dizer que eu te quero
eu preciso ouvir tua voz cansada do outro lado da linha
me dizendo que tudo isso é novo para nós
Deixa eu te recitar alguns dos meus versos
por mais que eu ache isso cafona
mas deixa eu te mostrar o melhor de mim
por mais que eu te queira longe
bem longe
mais longe
e perto o suficiente para conseguir te mostrar
como você deixou o meu lugar
aquele que eu mudei algumas coisas
Eu não quero te magoar
nem tem porque
nem quero ajudar o teu analista a descobrir
que grande parcela dos
teus problemas
somos nós,
quero apenas passar um café para você
e mostrar que tens alguém para amar
mesmo com todas essas mudanças que a vida nos da
e não tem problema nenhum
o nosso coração ter alguém
para amar.
Apesar de querer-te perto
te prefiro longe
Eu não sei nem me amar
acredito que eu não saiba amar
e por mais que eu queira
aprender
não quero continuar me sentindo só 

vou te mostrar um verdadeiro poema,
minha querida

"Não consigo tirar da minha cabeça
Esses olhos que eu nunca vi tão perto
A ponto de bater o ciúme do meu
Não sai da mente o sorriso entreaberto
Penso se eu não 'tô errado ou e eu tô certo'
Em cultivar esse bem querer
O problema é que já tem alguém do seu lado
E eu me sinto tão errado em tentar me aproximar
Por isso mantenho a distância necessária
Pra que não se esqueça, minha cara
Que ao meu lado é um bom lugar
Mais que isso eu não vou fazer, não
Apesar de querer
Como eu quero, e como eu quero.".

Está tudo tão bagunçado quanto a minha barba,
meu bem.
esse lado vazio da minha cama me incomoda há meses.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Prescrevo esta carta aos que perderam a esperança

fumando besteiras
tragando verdades
inspirando memórias
exalando amarguras
e a gente se perde
pra poder se encontrar
a gente se frustra 
pra poder se amar
a gente escolhe errado
pra poder acertar
e a gente nunca acerta
e está tudo bem a gente não acertar
a gente bebe
pra poder esquecer
e quase nunca a gente esquece
a gente gosta de sofrer
mas a gente aprende com isso
e tudo bem se a gente não aprende
eu já escrevi o óbvio
e tu ainda não sacou
que é tudo tão óbvio
minhas palavras são óbvias
e a vida é muito óbvia
por mais que ela nos surpreenda
quase sempre
é tudo tão óbvio
e simples
e chato
e monótono
poucas vezes linda
algumas vezes gratificante
em geral, entediante
mas com aprendizados incríveis
e passagens interessantes
no mais
...intrigante. 

E eu continuo falando o óbvio.
aquele gênio pensante
sufocado
e que agonizava desespero
de um romance criado
por ele mesmo
morreu
quando foi deixado num cais do sentimento
esquecido por ele
Aquele farol nunca mais foi visto da mesma maneira
e a gente não sabe amar
a gente não sabe viver
a gente não sabe ser
e tudo bem a gente se perder por ai
em outras esquinas quaisquer
onde a gente acende um cigarro
e joga fora todas as paisagens ruins
da nossa cabeça torturada pelo tempo
Quando a gente enxerga que o tempo passou
tão depressa
dentro de nosso próprio tempo
a gente entende que a vida é uma só
e que disso tudo
ficam apenas cartas deixadas em nossos túmulos
onde flores mortas apagam o luar
e isso é tão clichê
tão
tão
tão Edgar Allan Poe ou algo do tipo
Essa coisa de corvos é bem linda e empolgante
e torturante,
mas incrível
as palavras se encaixam no meio de nossos cus
e cospem por nossas pálpebras em formato
de sangue que se passaram por nossas veias 
E tudo fica escuro
absolutamente certo
e capaz de te fazer perceber o quanto tu és incapaz para a vida.
Ah não, não, 
esse negócio de corvos não é comigo
são esses mesmos corvos que comem meu estômago
toda vez que eu bato de cara com o amor
ou algo relacionado a isso
Essa dose cavalar de bobagens comestíveis 
que eu insisto em botar dentro do meu corpo
já não me agrada mais
e tudo bem a gente não saber amar
e tudo bem a gente não saber que porra viemos fazer
aqui.

meu tipo de taquicardia é com
as putas
os vagabundos
os otários
os loucos
os bêbados
os insanos
os drogados
os protestantes 
os pretos
as malucas
as que se vendem
ou já quiseram se vender
aos lunáticos 
aos que sofrem
e se cortam
e se espedaçam por inteiro 
quando enxergam as crueldades do mundo
Olha como tudo está lá fora, meu bem!
Olha a pílula vermelha de maldade que o mundo tomou
Olha essa pancadaria de desgraças que assolam nossas almas
e corpos
e mentes
e cus
eu quero os loucos
eu quero as pessoas que não sabem o que querem
que se perderam no meio do caminho
que já não sabem para onde vão
e tudo bem a gente se perder de vez em quando,
meu bem.

É linda a sensação de chegar em casa
tirar os sapatos
abrir a geladeira
pegar a cerveja mais gelada que tiver
acender um trago
sentar na tua melhor poltrona
olhar para o cachorro
fazer carinho no cachorro
e sentir o conforto dentro de ti
sabendo que estas sozinha consigo
mesmo
em um canto qualquer do mundo
pensando em todas aquelas esquinas 
que tu passo durante aquele dia
num mundo tão maluco.
A gente se encontra 
nesses momentos
para 
no outro dia
se perder de novo
em algum momento
que queríamos viver de novo.
Uma prostituta deve estar tendo este momento
Um louco também deve estar
Todos devemos nos perder 
dentro de nós mesmos
independente de quem somos
e como somos
e como seremos
Na verdade,
o mundo está cagando para quem você é
por isso mesmo
é lindo demais ser quem 
e como tu és
Clichê óbvio, tu não acha?
Eu apenas falei o óbvio
no meio de tanta palavra 
incerta
E se tu não entendeu tudo o que quis dizer nessa prosa
me perdoe
eu não me importo muito
alguma outra pessoa irá entender
e algum dia
na tua mente capaz
num momento em que tu se encontrar
tu vai entender a si mesmo
a mim mesmo
ao mundo
e entender também que
amanhã
tu não entenderá mais nada
Tens alguma dúvida de que estamos todos loucos?

- Cadê aquele cara que falava sobre amores, meu bem?
- Ah, perdi ele por alguma esquina.
- Como tu perdeu ele, querido? 
- Ah, querida, ele foi ficando pequenino, pequenino, pequenininho, até que quase desapareceu. Eu enxerguei um pouco dele naquela esquina de nome estranho, mas não fiz questão de dizer algo.
- Oh meu bem, meu bem, isso não se faz.

mas está tudo bem, muito bem, meu bem.
Deixa eu te ser sincero
eu estou com uma saudade danada
de deitar do teu lado
sentir o teu cheiro
e ouvir tua voz cansada dizendo
sobre como foi teu dia
Eu gostaria, 
meu bem, meu bem
de te convidar para vir até minha casa
mas está tudo uma bagunça
Deixa eu arrumar todas as coisas
apenas para você entrar
e bagunçar tudo de novo
Eu não ligo.

Carta à ninguém.
Tudo
de certa forma
escrito errado
em linhas
e palavras que não cabem no coração
de um homem que se perdeu 
já faz um tempo
Espero que algo desta carta
tenha te consumido
para o bem
de alguma forma
E tudo bem também
se nada disso fizer sentido
para você.
As melhores coisas não fazem sentido
e as coisas mais incríveis 
dificilmente
são entendidas
E tudo bem não entender um caralho do que
eu quero dizer

Será que um dia lerão essa carta, na beira do meu funeral
me engrandecendo de alguma forma?!
Talvez, seja este o ponto
será ali que eu virarei um grande escritor
que fez algo grande
e audacioso para alguém
ou para o mundo
Talvez, minhas cartas sejam traduzidas em outras línguas mais
e muitos irão me adorar
e outros muitos me julgar
e me odiar
mas lerão minhas palavras
e irão entender que eu fiz algo grandioso
e digno de não ser esquecido
E que eu precisei morrer
para ser alguém.
Tipo mestre dos magos.
Essa história de fazer minha parte e sumir até que me agrada.
e tudo bem
você não entender
tudo isso também.
Bukowski já dizia que a vida não faz sentido nenhum
e quando a gente para de se perguntar
sobre qual é o sentido da vida
a gente entende
com outra percepção 
de que a vida é tão óbvia
quanto todas essas palavras
incertas.
Existe dentro de mim uma saudade imensa de amar novamente
e é nessas horas
que a gente entende
o motivo de todos os nossos heróis 
ou pelo menos os meus
terem morrido de overdose
seja de droga
ou apenas de tristeza.

A vida é óbvia. 
As vezes.
Ou quase sempre.
Deixei em ti um gostinho de 'quero mais'?

terça-feira, 23 de março de 2021

Do outro lado da janela, a nossa dança é triste


enquanto fumo
e penso
e repenso
e fumo
e em ti penso
e repenso
fumando
tragando
bebendo
engolindo
me sentindo bem por um momento
e pensando em poesias
poemas e
os pássaros pequenos 
passando pela minha janela
escrevi esse poema
pequeno poema
que eu chamo de poesia
aliás,
porque está tudo errado
sem ponto final
sem parágrafo e letras maiúsculas 
porque aqui dentro
está tudo pequenininho
menos o sentimento
que está por um triz
mas está bem grandão
como o meu pensamento por ti
que soa bobo
mas é real
bem real
tal qual a fumaça que inalo
e exalo
olhando as flores caírem
das grandes árvores 
pela janela do meu quarto

Pensei em ti, mais uma vez.

e bebendo
e bebendo
e fumando
vem outro poema pensante
sem nenhuma delicadeza
e com a mesmice de sentimentos melancólicos 
- um tanto quanto bonito, por sinal -
escrito e jogados ao vento.
A gente não se importa.
Coloquei pontos em um poema
que eu trato, mais uma vez
como poesia
sem me importar com o português correto
porque aqui dentro,
meu bem,
está tudo
tudo
tudo errado.
E eu não me importo em fazer papel de bobo
bobo mesmo é quem não se entrega
quem não exagera
quem não se altera
e nem se embebeda 
e sai falando merda que sente
e pensa
sem ofender
e sem se exaltar
sendo tu mesmo apenas com
sentimentos lindos que soam
tão bobos e clichês demais para a sociedade
Qual o problema em exagerar?
Qual o problema em demonstrar sentimentos?
Estou te mostrando meus sentimentos mais bonitos
através de uma carta
sem sentido
toda escrita a mão
da forma mais errada
para te mostrar
de forma clara,
que até o errado pode ser bonito.
Da nossa forma.
Da tua forma.
Um erro que a gente não tenha que pedir desculpas
para outro alguém
são erros importantes
e que nos fazem crescer
e que, muitas vezes
não fazem mal para ninguém.

- Eu gosto de você! Eu quero você!
- Não me importa.
- Tudo bem, meu bem.
- Estou cagando para teus sentimentos.

São erros normais
de pessoas normais
em dias normais
com sentimentos nada iguais
que não fazem bem para ninguém
nem mal
machuca
de certa forma, todas as formas de amar
em alguma forma
te machucam
e a minha forma de escrever sobre as coisas é esta
e eu não me importo
mudanças são constantes
eu escrevo em um momento de insana lucidez 
embriagado
entediado
ansioso
e desesperado por algum tipo de ajuda
muitas vezes, não leio nada do que escrevo
e isso me faz bem
porque, quase todas as vezes
eu mudei meus sentimentos e opiniões e momentos
no dia seguinte que escrevi
tais cartas
alguns sentimentos e situações ainda ficam
como a forma de eu te querer
todos os dias
e todas as noites
não como, apenas, algo carnal
mas por eu querer VOCÊ em mim
tal qual eu quero o fim dessa minha carta.
Infelizmente,
essa é uma daquelas cartas em que não posso queimar

Lembrei de ti, outra vez mais.

Talvez,
eu esteja apaixonado de fato
e...
oh...
espere um momento.

- Sonhei com você, meu bem.
- Sério? O que?
- Não me lembro bem.
- O mundo está um caos real, não é meu bem?
- Sim, querida. Está. Sempre esteve.
- E o teu coração também?
- Sim, querida. Está. Sempre esteve.

Oh, claro.
Fui dar um gole ou outro na cerveja.
Me perdi por ai.
Darei uns tragos.
Outra cerveja, talvez.
Ah, claro, preciso terminar esta carta.
Me perdi.
Mais uma vez.
Eu sempre me perco.
De mim mesmo.
Muitas vezes, me perco pensando em você.
E te querendo.
E então, escrevo um poema aqui.
Uma poesia ali.
Entre uma música e outra.
Bebida vai.
Bebida vem.
Os tragos esquentam meus pensamentos.
E esvaziam meu coração de algo que já está vazio.
Outras vezes mais, sinto o coração quente.
Acelerado.
Desesperado.
Conturbado.
E eu coloco a mão sob meu peito.
Fecho os olhos.
E peço para ele se acalmar.
Muitas vezes, isso acontece quando eu lembro do teu nome.
Essa droga que eu batizei com teu nome.
Que, muitas vezes, me entorpece.
Outras vezes, me desaparece.
E eu acabo nem sabendo mais que sou.
Mas sorrindo.
De coração aberto.
Sem o pesar.
Sem lembrar que já estive no mais profundo abismo por causa do amor.
Sem chorar por ter me afogado no cais dos sentimentos.
Sem dor.
Nem sofrimento.
Só ansiedade.
E medo.
Por não saber como CARALHOS terminar a merda de mais uma carta.

- VOU COMPRAR MAIS CERVEJA, QUERIDA. ACHO QUE ME APAIXONEI!!!
- OH SIM...ok!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Tudo isso irá chegar ao fim quando a tua cerveja acabar - e a gente segue mentindo que não sente nada

...ei...
fica...
não vai embora não!
Te juro que a companhia será
nas pressas
porque existem momentos na vida
em que a gente só quer gritar, explodir, socar e xingar
E existem momentos na vida em que a 
gente não quer fazer
absolutamente nada
do que pensamos e gostamos um dia desses.
Os pontos finais serão aceitos por aí.
Pontuações talvez erradas pelos cantos
E a gente não se importa
não é mesmo?!
Eu sei que tu não se importa
e irá entender cada palavra de 
desespero
que aqui quero te entregar.
Será apressado
Com pressa
Depressa
Leia rápido. Bem rápido
mas entenda
Esse é um daqueles dias em que a ansiedade bate forte no peito
e deixa aquele aperto contínuo pulsando aqui dentro
E tudo se multiplica
e se mistura
E então...
a gente se perde.

Fica!
Dê mais um gole na tua cerveja
será tudo muito breve
e vago
mas espero que toda essa porcaria preencha teu coração 
de alguma forma.
E, deixa-me te dizer uma coisa.
Leia rapidamente
sem pontos
sem interrogações
sem culpa
sem mentira
depressa.
Depressa!
Meu coração está pulsando
E eu te quero
junto de mim
Aqui pertinho.
Quando minha mente mais implora por solidão
E quando o coração já não aguenta 
gritar em silêncio.
E eu quero ouvir o teu gemido próximo do meu ouvido
quando, na verdade, 
eu mais te quero longe.
Quero teu carinho
teu cheiro. teu jeito.
Teu dengo.
Teus nervos.
Quero tua pele colada na minha
e nosso suor se arrastando pelos
lençóis
Enquanto isso, todas as flores mortas lá fora
caem como nada pelo asfalto
Entre aqueles ventos que as sopram para longe
nos beirando as loucuras das esquinas da cidade.
E eu sei que esta carta nada rima
com nada irá rimar
e eu nem quero que seja um poema
ou uma poesia

ou até mesmo
uma carta.
Não quero que seja nada disso.
quero que seja a loucura.
Quero que beire a insanidade
Prefiro que não entendam nada
e me chamem de escritor de quinta categoria
desprezível e solitário
que escreve tuas loucuras num pacto de ansiedade
Rápido.
Rápido.
Depressa.
Veloz.
E do tempo nada apaga.
E na escuridão nada fala
Meu jeito implora pelo teu jeito
Minha voz engasgada grita pela tua voz
cansada
E eu rimei quando fechei os olhos
deixei os dedos e a mente falarem
mas só te enxerguei na minha frente.
E, veja bem, continuo de olhos fechados
Cerrados
Apertados
e molhados
enquanto digito tais palavras que logo cairão em teu colo
E de nada importa
E de nada muda.
Mas algo aqui dentro logo irá pulsar de alguma outra maneira.
Tempo que muda
Que pula
Que paga
Que cobra
Que mata
e arregaça
Estrangula e Estraçalha.
Tempo que nada
Que apaga
Que reencarna
que estraga
e te cospe todas as verdades da vida quando tu menos queria ouvir
E a gente engole tais verdades
sem nem olhar para trás
A gente desapega e segue
Que vive!
Que nada!
E mente. E deixa a mentira ultrapassar tais fronteiras
ela tem perna curta
logo ela volta
As melhores mentiras são as que a gente conta para nós mesmos
e as melhores promessas são aquelas impossíveis de serem aceitas
e bem feitas
E a gente segue sem se importar com nada
nem com ninguém.

oh, me desculpe!
Me perdi no meio dessa loucura toda.
Mil perdões.
Compreenda
e entenda
Tu faria igual a mim esta noite?
Conseguiria escrever tudo que sente e pensa e vive e deseja?
Conseguiria cuspir e vomitar tais palavras e entrega-las ao mundo
fazendo com que isso te faça se sentir melhor?
ou você se acovarda por trás dos vícios como eu?
Um tanto quanto confuso, não é mesmo?!
Nem eu me entendo.
E tu não se entende.
E ninguém quer se entender.
Difícil amar as pessoas quando nem mesmo nos amamos. 
mas,
tu conseguiria?
Preencher com palavras todos os teus sentimentos e aflições
e maiores fraquezas - 
- tu, morfina, aquela que batizei com teu nome - 
para qualquer um desfrutar e 
simplesmente
cagar e esquecer todas as palavras.
Ou,
quem sabe,
um dia usa-las contra você.
Fazendo com que se sintas pior do que outros dias?!

...eu consegui.
Eu consigo
te dizer
que eu te quero
te espero
e que meu estômago caga borboletas quando lembra do teu nome
ou do teu sorriso.
Sim,
tu ai...
tu mesmo que caiu por acidente em minhas palavras
EU QUERO VOCÊ!
aqui
agora
me pedindo para ficar
desarrumando a minha barba
e acertando as bagunças do meu coração.
Tu bagunçou tudo, garota
a partir do momento 
em que entrou na minha vida
e me entupiu de baboseiras comestíveis 
que foram proferidas pela tua boca
E eu me entupi de todas elas
E sorri com todas elas
A gente sempre esquece o conselho maternal que diz para não aceitar
nada
de estranhos.

A minha cerveja acabou.
E a tua?
último gole?
Se ela acabou
mesmo quando prometi que tudo seria tão rápido
e que esqueceria todas as palavras que aqui escrevi
no prazo máximo de
meia hora.
E não me importaria com o fato da platéia 
me achar um tolo
ou bobo
ou romântico
ou louco.
Até mesmo insano
ou até mesmo burro
Esquecerei estas palavras, logo menos, mas o coração ainda estará sentindo
e eu ainda irei querer você
como nunca quis alguém

...me fez sorrir.
Me fez mais leve.
Me fez mais calmo.
Me fez mais breve.
Calmo.
Muito calmo.
Bem calmo.
Ansiedade controlada com sucesso
a minha cerveja acabou.
E a tua?

A platéia aplaude.
As cortinas se fecham.
e esse teatro pelo qual faço parte
como fantoche
é tão insatisfatoriamente lindo. 

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Não cabe a mim te dizer se isso é ou não uma carta de amor

...e eu te juro que darei fim a estas escritas quando eu der o último trago.
E o ano mudou.
Tudo mudou.
E eu mudei.
Sinto que já não sou capaz.
Não sou capaz de esconder o que sinto.
Guardar o que penso.
E sorrir o que choro.
Os meses passaram e eu sumi disso tudo aqui.
Sumi de mim mesmo.
Sumi deles.
Sumi de nós.
Sumi por nós.
Escorri, pelas minhas mãos, todas as palavras que eu queria cuspir.
Me senti sufocado o suficiente para desmaiar.
E me afastar muito mais pra longe de mim.
Para longe de ti.
Eu escrevi muitas palavras no meu peito neste tempo em que estive fora.
Nenhuma delas de entreguei.
Nenhuma delas entreguei para uma alma sequer no mundo.
E eu me senti essa alma solitária.
Perdida.
Aflita.
Angustiada.
E esquecida.
Eu me perdi nessa imensidão criada por mim mesmo.
A bussola, eu mesmo joguei fora.
Não queria me encontrar.
Muito menos me perder.
Não queria que me encontrassem.
Muito menos que me libertassem.
O ano virou.
Tudo mudou.
E eu mudei.
E assim te encontrei.
Em constante desarmonia de tudo que há.
Era desse jeito que eu estava.
Mas eu estava em paz quando tu me encontraste. 
Me perdi mais ainda.
Eu sumi mais ainda.
E em agonia sorridente me encontro.
Me apaixonei.
Por ti.
Por mim.
Por nós.
O mundo brilhou. Teus olhos me brilharam. E a tua voz me calou.
Me emudeceu.
Me emburreceu.
e eu perdi a noção de todas as palavras.
Eu nunca sei bem o que te falar.
O que te sorrir.
O que te implorar.
O que te chamar.
E como te chamar.
O medo consumiu todo o meu ser.
Medo constante e insistente que persistiu para que eu escrevesse.
E toda aquela ansiedade que me consome desde os vinte e tantos anos, me consumiu de novo pelas últimas noites.
A salvação...
é...
você.
No meio de toda essa imensidão, escolhi minha fraqueza através do amor.
Não tem escapatória.
Não tem saída.
Não tem jeito.
Eu ainda sei amar.
Eu ainda sei sentir.
Eu ainda sei viver.
E, de alguma forma, eu ainda sei sorrir.

...eu ainda sei escrever.
Mesmo perdendo todas as palavras.
Mesmo não fazendo ideia de quais poemas são os melhores aos teus ouvidos.
e isso me emputece. 

- MEU DEUS, CARALHO, TU ESTAS SENTINDO?!
- O que está acontecendo comigo, caralho?!
- Eu vivi para ver este dia! TU ESTÁ SENTINDO, CARALHO!
- Que medo é esse, porra?! QUE MEDO É ESSE?!
- Calafrios?
- Muitos! Todos! PORRA, ME AJUDA. ME AJUDA!
- Deixa sentir. Senti isso dentro de você. Se permita. Deixa sentir! 
- MAS O QUE É ISSO PULSANDO NO MEU PEITO, CARALHO?! Estou sentindo muito medo! Eu não quero isso, porra, EU NÃO QUERO ISSO!
- A vida é muita curta para não sentir tuas próprias emoções, meu bem! Deixa sentir!
- Mas...
- Eu espero que vocês se encontrem!
- ...estou com medo de continuar.

Estou com medo de terminar meus versos.
Estou com medo de terminar minhas palavras.
E esta carta ser nada mais que uma carta.
Poucas linhas.
Algumas palavras significativas. 
Por medo de continuar, me sinto incapaz.
Tenho medo. Muito medo.
E eu nem sabia que era capaz de me sentir de tal forma.
Desastrada.
Talvez, tu irá me ouvir. Mesmo sem nem conhecer minha voz.
Mas alguma palavra tu irá compreender.
E irá caminhar em meu espaço.
Quando eu mais queria fazer parte do teu espaço.
Do teu universo.
E ser teu infinito.
Não importa quanto tempo essas palavras ecoem com o vento, até meus braços estarem em teus braços.
E eu te pedir para deixar eu entrar em tua vida.
Me faz sentir.
Deixa eu sentir.
Isso tem que ecoar em teus ouvidos de alguma forma.
Enquanto espero o telefone tocar - eu tenho pavor de telefones -, sendo tua voz do outro lado da linha me pedindo para ficar.
O medo persiste.
Não quero terminar estes versos.
Sei que ainda sentirei por ti tudo aquilo que persiste aqui.
Ouvi todas as minhas músicas.
Chorei todas as minhas lágrimas.
Escrevi todos os meus poemas.
Joguei fora tudo isso.
E ainda sim, senti tua vontade.

Vontade persistente para que me leve ao espaço. 
Para que me faça sentir.
E que caminhe nossos passos.
Deixa eu ficar.

...eu tenho muitas e muitas palavras sobre ti de mim para ti, mas meu trago chegou ao fim.